Acordei sozinha no carro. Estava estacionado
no meio do mato. As árvores impediam em algumas partes a luz da lua, o que
fazia ficar bastante escuro. Levantei-me depressa e assustada. Fazia um
silêncio terrível. Eu não escutava absolutamente nada. Odiava ficar sem meus
pais. Comecei a ficar nervosa e com medo. Sentia um grande gelo na espinha.
- Mãe?... Pai?... Tracy?... –gritei, mas
ninguém respondeu. O que havia acontecido com eles? Onde estavam? Será que
tinham me abandonado? O velho... Será que fez algo com eles?... Não parava de
olhar de um lado para o outro. Onde estariam? Por que me deixaram sozinha no
carro?
O silencio novamente reinava. Estava no banco
traseiro. Tentei abrir a porta e sair, mas não consegui. O carro estava todo
fechado. Meu coração começou acelerar como se parecesse que iria sair pela
boca. Minhas mãos e pernas tremiam muito. Só tinha treze anos.
Novamente olhei ao redor. Já tinha medo do
bicho papão embaixo de minha cama, mas estar ali me assustava mais do que
qualquer coisa. Fiquei olhando ao redor preocupada. O escuro dava a entender
que tinha alguém do lado de fora me observando. Não sabia se estava mais segura
dentro ou fora daquele carro. Um vento forte passou, jogando algumas folhas
encima dos para-brisas. Fiquei mais nervosa ainda, de forma que meus olhos não
vibravam. Comecei então a ouvir passos. O barulho deles parecia ficar cada vez
mais próximo. Seriam meus pais? Tracy? Desejava muito que fosse algum deles.
Finalmente escutei uma tosse. Isso quebrou
minhas esperanças, pois nenhum deles sequer fumava ou possuía doenças
respiratórias. Além disso, a tosse lembrava um gemido grotesco. Meu coração
disparou. Sabia que vinha em direção do carro, que naquele escuro e no meio de
tantas árvores não era nada discreto. Estava sem meus pais e sem minha irmã,
sendo apenas uma criança indefesa. Naquela situação, quem me ajudaria?
Sempre ia a igreja com minha mãe. Naquele
momento horrível, lembrando disto, comecei a orar.
- Senhor Deus, ajude-me. Nunca gostei nem de
mentir. Fui sempre a igreja com minha mamãe. Tenha misericórdia de minha pobre
alma. Preciso muito do senhor, papaizinho do céu. Estou com muito medo.
Ajude-me, por favor. –as lágrimas escorriam enquanto rezava.
De repente vi aquela sombra na porta, estava
do meu lado esquerdo.
- Mãe! –exclamei e lancei-me para o lado
oposto. O som da chave começou a ressoar e a porta se abriu.
- Papai! Papai! Socorro! –gritei como nunca
em minha vida. Estava desesperada e tremendo. Não sabia o que iria me acontecer
mais esperava pelo pior. Queria tanto que alguém me ajudasse.
- Cale-se fedelha! –seja quem fosse que abriu
a porta, não era nada gentil. –Vem pra fora! –gritou me puxando pela perna. Fui
tirada a força e jogada no chão. Minhas costas estremeceram na hora. Fui tomada
por uma dor fina na coluna. Minha cabeça bateu numa pedra e começou a doer mais
que as costas. Estava com um pijama branco, repleto de ursinhos azuis e um
pequeno sobretudo. Ainda sim estava muito frio naquela noite e eu não conseguia
ver quem era devido à escuridão. Também não fazia ideia de que horas seriam.
Ele me colocou em pé e começou a tirar minha roupa. Puxou meu sobretudo com
força e foi baixando a calça do meu pijama de ursinhos. Em seguida, rasgou
minha calcinha e jogou-me no chão novamente. Olhando para cima, via apenas as
árvores e aquela sombra grotesca, da qual sabia o monstro que era.
- Você vai sentir meu pau rasgar sua vagina,
sua vadiazinha nojenta. –falou duma forma diabólica e ainda dando gargalhadas.
- Por favor, não faça isso comigo. Eu
imploro. –estava chorando e comecei a gritar mais ainda. Ele, porém, ria como
se estivesse adorando tudo aquilo.
Mamãe havia feito quatro trancinhas em mim.
Ao vê-las, ficou furioso e abaixou-se. Foi quando vi seus braços. Eram brancos
e musculosos. Enquanto arrancava minhas tranças, vi a tatuagem de uma caveira
preta com apenas quatro dentes. Dois na parte superior e dois na inferior.
Estavam no braço esquerdo. Ele puxava sem piedade. Minha cabeça doía ainda mais
agora.
- Vou fazer sexo com você até cansar. Depois vou
cortar seios, suas orelhas e arrancar suas mãos. Não se preocupe, vai adorar.
Prometo também cortar sua garganta de forma rápida, para que não sinta dor. –
falava tudo retirando o cinto e abaixando as calças. Neste instante agachou-se
e ficou de bruços sobre mim. Colocou sua mão pesada e forte sobre meu rosto e
virou. Não queria que eu visse sua face. Comecei a sentir o calor do corpo
daquele monstro encima de mim. Sua respiração estava ofegante.
-Mãe! Pai! –gritei desesperada. Minha
circulação parecia ferver. Meu coração batia tão rápido que com o frio, sentia
falta de ar. Sentia-me comprimida sobre o chão, que com minúsculas pedrinhas
machucavam minhas costas.
- Eu não chamaria por eles, sabe por quê?
Matei todos. Mas como você era minha favorita deixei-a por ultimo. –sussurrou
em meus ouvidos. Escutar aquilo foi pior do qualquer coisa. Meu choro
intensificou-se, de forma que soluçava. Ele, no entanto, retornou a rir.
Tudo ficou claro de repente.
- Ali! Ali!
–gritaram. O homem tomou um susto. Levantou-se rápido, pegou as roupas e saiu
correndo o mais rápido que pode. Fiquei lá estirada no chão, com o corpo todo dolorido,
mas tinha certeza que papai do céu havia me ajudado.